domingo, 6 de fevereiro de 2011

Liberalismo, a Privatização da CGD.

A crise Irlandesa vem provar o quanto é importante a presença do Estado na economia, vem fazer de mim mais anti-Liberal e da mesma forma que fui educado a nunca vender património familiar adquirido por gerações anteriores à minha, também me custa ver o Estado a vender o seu património adquirido por gerações anteriores .



Liberalismo, a Privatização da CGD.



No seu livro Beating the Street ( http://www.amazon.com/Beating-Street-Peter-Lynch/dp/0671891634/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1290698020&sr=8-1 ), Peter Lynch (http://en.wikipedia.org/wiki/Peter_Lynch ) (http://www.investopedia.com/university/greatest/peterlynch.asp ) dedica o capitulo 17 à compra de acções das privatizações: Chama-lhe: “Uncle Sam’s Garage Sale”. Nesse capitulo ele faz mesmo humor ao ritmo a que o estado ( EUA ) se estava a endividar, qualquer dia teria mesmo que vender os parques nacionais, o Kennedy Space Center ou mesmo os jardins da Casa Branca só para pagar os juros da divida.

As privatizações são um conceito estranho pois os governos pegam em algo que é do povo e vendem-no ao povo ( e a outros que não são bem povo mas coisas como fundos de investimento ). No entanto por mais estranho que possa parecer, quem compra , por norma faz um bom negocio – ( principalmente se não for cidadão do Estado que vende ).

Porquê que é um bom negocio? Ideologicamente, num mundo ideal, uma pessoa tem uma ideia de negócio, pede dinheiro a um banco, chama investidores a participarem no negócio, e concretiza-o . Quando o negócio vai de vento em poupa, faz-se uma IPO. (1)

Não tão ideal; quando os mercados estão com grandes taxas de crescimento e existe muito dinheiro, os capitalistas que detêm o negócio unicamente para enriquecerem, fazem as suas contas e vêm que naquele momento o mercado está disposto a dar pelo seu negócio mais do que ele vale (aconteceu recentemente com a venda da Media Capital por Pais do Amaral aos espanhóis da PRISA – Como eu costumo dizer se alguém compra e alguém vende, um está a fazer um bom negocio e outro está a fazer um mau. Nem sempre é assim mas isso é a excepção). No entanto com os Estados a situação é diferente. Principalmente porque os compradores muitas vezes são os mesmos que elegem os governos, e estes têm dificuldades em ser reeleitos, quando uma grande parte do seu eleitorado perdeu dinheiro com a compra de acções que o seu governo lhes vendeu. Os Britânicos aprenderam essa lição em 1983. Nesse ano o governo na altura ,aproveitando a alta dos mercados bolsistas vendeu as Empresas Britoil e Amershal International, e defendendo o interesse dos donos das empresas (os cidadãos) vendeu ao melhor preço possível. Só que como vendeu caro o preço só podia descer . Foi o que aconteceu ,e os compradores (cidadãos e votantes) perderam dinheiro e o governo as eleições. Desde aí o governo Britânico (e os outros por esse mundo fora) têm tido o cuidado de vender sempre a um preço suficientemente baixo para que todos ganhem (quem vende não comprou por isso é tudo lucro, e pelo caminho vai é comprando uns votos com a venda de património publico) Não admira por isso que Magareth Thatcher tenha estado tanto tempo no poder. Utilizando a palavras do autor do livro (escrito em 1993) “ No wonder the Tories are still in office “ e dá mesmo uma regra “Whatever the Queen is selling, buy it.”



Sou pela Social-democracia e considero a iniciativa privada essencial à criação de riqueza. Acho inclusivamente que há sectores onde o Estado não faz lá nada. Outros há que por serem monopólios não devem ser privados. Outros por serem de extrema importância estratégica para um país ou pelo carácter do seu negócio ser de extrema importância para a competitividade de um país não devem ser privatizados. E o argumento de que os Estados não sabem gerir, não cola, pois nós sabemos qual a razão desse problema - o estado não premeia a meritocracia e entrega a gestão destes negócios a menos capazes em vez de o fazer aos melhores. Isso não é garantidamente sempre assim como se viu recentemente com a nomeação de Horta Osório para a gestão do maior banco inglês.



A recente crise Irlandesa demonstra também algo com que nos devemos preocupar com as privatizações:- o facto de as empresas que constituem o tecido empresarial do país acabarem nas mãos estrangeiras e de alguém sem rosto como fundos de investimento. Qual o mal que dai advém? À semelhança da Irlanda do Norte as Empresas Estrangeiras repatriavam o seu dinheiro para os países de origem o que contribuiu para deixar os bancos Irlandeses sem fundos (2)

Por isso vender a Caixa Geral de Depósitos será um erro que não trará nenhum benefício ao Estado, e pelo contrário a longo prazo o irá fragilizar para enfrentar uma crise como a que actualmente enfrenta a Irlanda. Deixaremos de ter um Banco que nos garanta dinheiro na economia, que nos garanta políticas que vão para além da lógica comercial, que nos permita numa altura de crise por exemplo, conceder empréstimos ás empresas para investirem.









(2) Algo de muito semelhante pode acontecer com as empresas a que pertencem a fundos internacionais. No caso destes fundos serem a maioria do capital de uma empresa, facilmente votam a favor de uma distribuição do dividendo, que significaria uma transferência de dinheiro de bancos nacionais para os bancos dos países origem dos donos das acções.





(1) Vendem-se acções do negócio ao público em geral. Aproveita-se para ganhar dinheiro para pagar aos bancos, os investidores iniciais realizam as mais-valias do seu empate de capital, quem teve a ideia de negócio obtém o seu prémio ficando milionário. Os trabalhadores que arriscaram participar neste negócio em vez de irem para negócios maduros e garantidos, recebem a sua parte do bolo através de acções. O público em geral pode participar no crescimento da empresa adquirindo acções. O dinheiro vindo desta venda de acções é utilizado na expansão da empresa.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Carta ao director do Sol

A minha carta ao director do Sol relativa a http://paraalemdaespumadosdias.blogspot.com/2010/12/cronica-de-jose-antonio-saraiva-de.html

Sou seu leitor desde os meus 14 anos há 21 Anos atrás. A sua crónica do Expresso era uma das principais razões pelo qual eu comprava o Jornal. Comprei e li compulsivamente os seus livros Política à Portuguesa ; Confissões . Apesar de já no seus últimos tempos no Expresso a sua capacidade para me surpreender ser pequena, senti falta das suas analises e passei a comprar o Sol, que infelizmente me desiludiu como jornal. Mas mesmo assim continuei a comprar. Apesar de ser de Esquerda gosto mais de ler jornalismo de direita. Prefiro que me digam o que eu não sei, e sinto apetência por ler o que discordo mais do que o que concordo. Mas a sua crónica desta semana ( 10-12-2010) no Sol em que defende os despedimentos. Denota uma falta de conhecimento das realidade empresarial Portuguesa por isso não consigo voltar a comprar o Sol. Pretendo poupar esse dinheiro para dar como esmola a pessoa que venham a ser excluídas ou forçadas a aceitar uma redução de salário, ou quem sabe para o meu futuro em que serei trocado por um quadro de 600€ ou forçado a aceitar esse salário.

Passo por isso a Analisar os seus pontos:

1- Você diz que por causa do mercado de trabalho não ser flexível chega-se aos 35 40 Anos sem emprego certo. Qual é a sua definição de emprego certo pois se facilitarmos os despedimentos na minha óptica os empregos ficam mais incertos, ou está-me a escapar algo.

2- Isto é completamente mentira, pelo contrario é conhecido em economias mais dinâmicas como os EUA onde as pessoas com mais de 45 anos muitos dificilmente arranjam empregos. ( 1 ) - Empresas tecnologicas por exemplo em vez de gastarem em formação e conversão dos seus quadros facilmente optam por despedi-los e contratarem quadros mais novos e mais baratos, - já que é para começar tudo de novo.

3- Em teoria concordo com isso, a pratica como o demonstra as actuais taxas de desemprego dos EUA e da Irlanda. Não. Ninguém dá empregos por caridade. As empresas só contratam quando o consumo cresce e começam a ter necessidades aumentar a produção. E mesmo assim nunca “ás primeiras” pois se á coisa que as crises trazem de bem é os aumentos de produtividade. I.e. antes de se começar a contratar novos quadros melhoram-se os processos por forma a produzir mais com menos. ( 2 )


4- Sim é verdade, o mesmo género de investimento que atraímos para explorarem os baixos salários, e os mesmo que a Irlanda atraio e que rapidamente a abandonaram levando consigo os capitais próprios e ajudando á crise financeira em que a Irlanda se encontra. Resta saber também se estes investimentos vão voltar para a Irlanda ou vão preferir outros mercados fiscalmente ainda mais vantajosos que a Irlanda. Se quizer saber mais pode verificar aqui. O objectivo deve ser atrair capitais estrangeiros pelas elevadas competências dos trabalhadores portugueses e não por qualquer outra coisa que exponha as nossas fragillidades Economicas aos capitais estrangeiros. Relativamente ás condiçóes fiscais poderá ler mais aqui http://alerparasabermais.blogspot.com/ no entanto muito resumidamente, não há condição fiscal que não consiga ser igualada por qualquer outro estado. Qual é a dificuldade de um estado decretar 0% de IRC?

5-

6- Tem toda a razão e concordo consigo. E isto sim deve ser uma vantagem económica oferecidas a empresas de determinados sectores em que efectivamente a sua viabilidade económica depende exactamente disso de verdadeiras alterações do negocio. Exemplo uma empresa que vivia do telegrama, com a evolução tecnológica o seu negocio deve ser convertido noutro. Neste processo concordo que haja despedimentos. Seria Utópico acreditar por mais competentes que os trabalhadores o fossem no ramo dos telegramas seriam da mesma competência no novo ramos. Exemplo pratico a grande quantidade de Motards necessários para entregar telegramas qual a função que iriam executar na nova empresa? Concordo por isso que este sector de actividade tivesse os despedimentos mais facilitados. Em compensação e principalmente por operarem num sector de bens não transaccionáveis protegidos pelo mercado interno deve ter um dos regimes fiscais menos vantajoso possível, precisamente o oposto do que o JAS ( José Antonio Saraiva)

7- Isso é obvio ( a parte de as empresas adaptarem permanentemente os seus quadros ás flutuações do mercado ). Principalmente se ficarmos pela espuma dos dias. Pois se tentarmos ir um pouco mais alem e pusermos questões como a evolução tecnológica e os aumentos de produtividade que dai vêm ( fazer mais com menos, produzir mais com menos trabalhadores ) a diminuição da população (3) Resta por isso aquela questão que nunca é respondida por quem analisa os temas com a superficialidade que o JAS o faz : E os clientes das empresas que normalmente são trabalhadores das empresas? Não vejo como é que as empresas vendem coisas se os trabalhadores não têm dinheiro para as comprar. Tenho dificuldade em ver a sustentabilidade do ciclo.


“Pela mesma razão, nenhum patrão quer despedir um bom trabalhador.” – Isto é uma falácia. Não é verdade em muitos sectores de actividade. Aplicar ao mercado de trabalho as leis que defende fará da contratação de um trabalhador as mesmas regras que se aplicam á compra de um sabonete. E aqui prevalecerá a regra da marca branca especialmente quando o mercado final também a preferir. (4)

Queria também que explicar o que significa para o mercado a lei da oferta e da procura quando esta tem um produto a mais ou a menos do lado da oferta. Foi exactamente essa relação que fez disparar o preço do Petroleo em 2008. O facto de o mercado estar a ser fornecido com 1 barril a menos do que o mercado necessitava fez o preço disparar. Bastou para isso ninguém querer ficar sem esse Barril ( principalmente numa altura em que isso significava que no dia seguinte esse barril iria ser ainda mais caro ). Se você aplicar as mesmas regras ao mercado de trabalho imagina o que isso significa. Há imagens que o demonstram por altura da grande depressão. ( que lhe aconselho a ler sobre ) – Pessoa a aceitarem trabalhar por 1 Dolar dia. É disso que eu falo aceito que o mercado não compre um barril de Petroleo que de momento está a ser produzido a mais e o atire para um canto de uma refinaria, não aceito que a mesma regra seja aplicada a um trabalhador que de momento o mercado não necessite.


Resumindo a minha opinião sobre o mercado de trabalho é:

Aceitar a liberalização em certos sectores, e sob condições muito especificas sectores esses que teria uma taxa de IRC ou de seguranças social menos atractiva por forma a suportarem estes custos de estruturação. Deveria ser o estado ( com as receitas no IRC acrescido ou com o valor acrescido da SS ) a suportar formação para a conversão dos trabalhadores para outros sectores. Neste assunto como na maioria as grandes politicas passam por tratar diferente o que é diferente. Cada sector de actividade tem a sua especificidade, e devem ser tratados como tal. Sector de trabalho intensivo e pouco diferenciador, trabalhos de valor acrescentado mas que geram pouco emprego, sectores que aumentam as exportações do pais, actividades com forte componente de Importação.
Ex: Empreasa que a única actividade é vendas de produtos aos Estado, o único tipo de trabalhador que têm é vendedores, a riqueza que criam é perto de zero, só retiram dinheiro do pais, pela própria característica da actividade. Do outro lado uma empresa de capital intensivo, com forte componente laboral em que toda a produção é virada para a exportação. Estas 2 empresas têm que ter regismes fiscais completamente diferente pois a realidade ( mais uma vez posso lhe dar nomes/exemplo ) é que a que cria menos riqueza ao pais é a que pode pagar melhor e como tal recruta os melhores quadros.


Lá porque a Flexibilização das leis laborais são um dos trunfos dos EUA replicar em Portugal seria catastrófico. Seria construir a casa pelo telhado. Os EUA são um mercado enorme. Você tem mais empresas num sector em Nova York do que em Portugal. ( Por exemplo ser despedido para um mecânico em Nova York nãoé nenhum drama pode facilmente arranja no mesmo dia outro local para trabalhar, o que permite perfeitamente viver ( sobreviver ) sendo despedido á semana ou ao mês.
A flrxibilização do trabalho nos EUA tem todo uma conjunção de factores que em Portugal não há:
O Mercado de arrendamento Para que tem necessidades de alterar de local de trabalho
Atracão de altos quadros internacionais. – Portugal não tem as capacidades que os EUA têm para atrair os melhores alunos ás saídas de Universidades mundiais.
Ter um Grande mercado de clientes – Todas as emprezas internacionais têm interesse em estar nos EUA pois é um mercado com 340 000 000 de Clientes.
O melhor mercado de capital de risco do mundo – Que incentiva a criar empresas,
A dimensão do mercado torna que nos EUA um nicho de mercado seja um negócio viável o que em Portugal nunca o seria por falta de dimensão. Ex. Oculos de sol para cães, é um negocio nos EUA http://doggles.com/ trata-se de um negocio de 3 milhoes de Dolares nos EUA.




A propósito deste tema apetece-me citar-lhe uma serie de autores ( por norma de direita como lhe disse são os que prefiro ler ) que discordam dos seus pontos de vista ( senão explicitamente, subentende-se tal ). Mas não resisto a Robert Rubin (http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Rubin ) Secretário do Tesouro de Bil Clinton no seu livro http://www.amazon.com/Uncertain-World-Choices-Street-Washington/dp/0375757309/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1292588651&sr=1-1
Diz a determinada altura que era politica da governação Clinton a manutenção de uma moeda forte pois com isso obrigava as empresas a serem competitivas a inovarem e a terem produtividades superiores ao resto do mundo pois caso contrario não conseguiriam vencer. Pois pela moeda fraca não iam lá. Num pais em que as diferenças salariais entre os administradores e os trabalhadores é tão grande o que se exige aos administradores (tão merecedores de tamanho salário) é de criatividade para inovarem e criarem produtos competitivos. Liberalizar o mercado de trabalho permitindo na verdade reduções salariais só vai permitir aos empresário ( na verdade os administradores ) descansarem á sombra desta dadiva em vez de investirem em inovação e na criação de produtos vencedores num mercado internacional.


( 1 ) – Veja por exemplo o discurso de Obama precisamente ao minuro 6 na convenção democrata de 2004

( 2 ) - Se quizer saber mais acerca disso pode consultar aqui: https://www.wellsfargo.com/com/research/economics/economic_commentary ( Convinha era que lesse todos pois só com todas estas analises é que se forma uma verdadeira consciência económica


(3) Sim porque grande parte do crescimento económico foi feito em períodos de crescimento demográfico. A Coca-Cola teria sempre 4% de crescimento nas vendas enquanto a população crescesse 4%. )

(4) Exemplo em Tecnologia de Informação o que se produz é uma caixa preta ( O patrão só sabe o que entra e o que sai não sabe a qualidade do que foi produzido a unica maneira de o fazer seria ter 2 trabalhadores a produzirem o mesmo, para verem a qualidade da caixa preta ). Depois quantas das empresas o patrão não conhece o trabalhador. Para o Grande Capital ( Os Investidores detentores das acções das grandes empresas), a qualidade dos trabalhadores não lhes chega. E a qualidade de um trabalhador da base é muitas vezes absorvida pela hierarquias.( a1)
A regra que se aplica nas empresas é: O Trabalhador mais barato que o mercado me dá e que faz o que eu quero. Raros são os sectores compensa o trabalhador fazer mais do que lhe é pedido. Se quiser posso-lhe dar vários exemplos. Ou então deve-me contra exemplos em sectores como a indústria e outras actividades em que o trabalho é de pouco valor acrescentado. Poderá saber mais aqui http://paraalemdaespumadosdias.blogspot.com/2010/08/educacao-para-um-portugal-lider-na.html

Eu poderia pôr-me para aqui a contar-lhe as historias que você quisesse, com os nomes próprios vou no entanto dar-lhe alguns exemplos ( quando pretender envio-lhe os nomes ) Chefias que põem os projectos a funcionar ao ritmo que elas controlam, ( garantindo que os subordinados não sabem mais do que eles ), retirando competências Chefias que não passam informação para os subordinados ( não os permitindo evoluir, retirando-lhes possibilidades de proactividade ), e uma imensidão de casos que a liberalização dos despedimentos não salvaguardam.

Mas não posso deixar de citar-lhe um exemplo real: Numa empresa de Telecomunicações de Portugal o administrador responsável pelo departamento de Sistemas de Informação disse numa reunião de quadros que tecnologia ele teria a que quisesse á saída das universidades por 600 Euros. Com a liberalização que você apregoa porquê que ele não haveria de substituir todos os seus quadro que custassem mais de 600€ por outros de 600€, da mesma forma que pelos visto você decide a compra de um pacote de manteiga
Já agora dou-me ao trabalho de lhe explicar todo o cenário caso não tenha capacidade para o idealizar. Os pais investe na formação de quadros ( o que é altamente caro ao Pais). Para que empresas administradas por senhores com os seus valores explorem a salários ao nível do salário mínimo ( o que significa baixas receitas de IRS e IVA - quem ganha pouco consome pouco ) Onde é que ficava a riqueza criada nas empresas que você defende devem não pagar IRC ( se na Irlanda se paga 12,5% ser competitivo significava IRC inferior a esta. A Irlanda perdia competitividade se não baixasse o IRC e assim se formava o ciclo vicioso e chegávamos ao famigerado IRC de 0% o sonho dos Liberais. ) Pergunto-lhe também como nota de roda pé quanto é que é o IRC efetivo das empresas Portuguesas. Para ter uma Ideia a EDP paga 10% do IRC Total pago em Portugal.

E já agora acrescento-lhe umas histórias ( visto o JAS andar um pouco fora da realidade). Sabe que actualmente uma das praticas mais correntes pelos administradores de empresas é em vez de contratarem directamente trabalhadores para a empresa que administram contratam para uma empresa deles e depois fornecem serviços á Empresa que administram.
Com Nomes Ficticios: O Dr Antonio Administrador da Empresa Tampos SA em vez de contratar um trabalhador Informático e pagar 600€ cria uma empresa TrabTemporario Lda contrata o trabalhador para essa empresa pelos 600€ depois põe-no a trabalhar para a Tampos SA a que cobra 2000€? Conhece este pratica? Onde é que a competitividade do pais melhorou. Mas o mal é dos trabalhadores. Se não sabe esta é a pratica mais corrente de momento nas empresas portuguesas e você ainda defende que a TrabTemporario Lda ( que cria 0 de riqueza ao pais – demosntre-me o contrario – serve só para o administrador retirar dinheiro ao aconista ) não pague IRC.




Com muito mais para dizer
O meus cumprimentos e os Desejos de Boas festas

Vitor Brás

Crónica de José Antonio Saraiva de Carvalho no Jornal Sol

( Esta é a crónica de José Antonio Saraiva de Carvalho no Jornal Sol em 10/12/2010 )


Há muito que defendo a liberalização total do mercado de trabalho.

E não o faço em nome dos interesses dos patrões: faço-o em nome dos interesses de Portugal e, também, dos interesses dos trabalhadores.

As razões são muitas e todas coincidentes:

1 – A flexibilização do mercado de trabalho facilitará o acesso dos jovens ao primeiro emprego. Hoje, muitos jovens, licenciados e não licenciados, chegam aos 35 ou 40 anos sem nunca terem tido um emprego certo. São pagos a recibos verdes e fazem estágios mal remunerados ou não remunerados e pós-graduações para ocupar o tempo. Esta situação não é sustentável e compromete o futuro.

2 – A flexibilização do mercado de trabalho atenuará os problemas dos que ficam prematuramente desempregados. Hoje, quem cai no desemprego depois dos 40/45 anos dificilmente consegue voltar a empregar-se. Ninguém o aceita. Se se liberalizar o mercado de trabalho, as empresas resistirão menos a contratar estas pessoas, pois poderão dispensá-las caso não funcionem ou não se adaptem.

3 – A flexibilização do mercado de trabalho promoverá o emprego. Hoje, qualquer empresário pensa 30 vezes antes de admitir alguém. Ora, havendo facilidade em despedir, haverá muito menos receio em contratar.

4 – A flexibilização do mercado de trabalho contribuirá para atrair mais investimento, designadamente estrangeiro, criando mais postos de trabalho (sobretudo se for conjugada com boas condições fiscais).

5 – A flexibilização do mercado de trabalho evitará situações de infelicidade e desajustamento.

Hoje, muitas pessoas descontentes com o que fazem (ou que se sentem indesejadas na empresa onde trabalham) acabam por ficar uma vida inteira agarradas ao seu posto de trabalho, dado não terem alternativas. Havendo mais flexibilidade haverá mais rotação e, portanto, abrir-se-ão mais oportunidades.

6 – A flexibilização do mercado de trabalho permitirá uma melhor adequação da mão-de-obra às necessidades das empresas. Aumentando a mobilidade, as empresas encontrarão mais facilmente as pessoas indicadas para cumprir as diversas funções.

7 – A flexibilização do mercado de trabalho estimulará a economia, permitindo às empresas adaptarem permanentemente os seus quadros às flutuações do mercado.

8 – A flexibilização do mercado de trabalho combaterá o laxismo, o absentismo, a incompetência e a mandriice.

E a quem não interessa a flexibilização do mercado laboral?

1 – Aos que estão bem empregados e têm legitimamente medo de perder o emprego (e são muitos).

2 – Aos que têm um emprego de favor.

3 – Aos que ocupam postos de trabalho artificiais.

4 – Aos incompetentes, aos absentistas e, em geral, a todos aqueles que não querem esforçar-se muito mas querem ter um ordenado certo.

Os sindicatos repisam a ideia de que a liberalização do mercado de trabalho acarretará despedimentos em massa. Ora sucederá o contrário: espevitará o emprego, visto que a admissão de novos trabalhadores implicará menos riscos.

A esquerda entende que o objectivo secreto das empresas é despedir os trabalhadores. Ora o objectivo é empregar trabalhadores, pois é da mais-valia criada por cada trabalhador que a empresa retira os lucros.

Pela mesma razão, nenhum patrão quer despedir um bom trabalhador.

Mas também não pode honestamente obrigar-se uma empresa a manter um empregado que não deseja. O que sentiria o leitor se fosse proibido de dispensar uma empregada doméstica da qual não gostasse, tendo de continuar a pagar-lhe o ordenado?

Creio que todos os governos já se convenceram de que a liberalização do mercado de trabalho é indispensável para o progresso do país – e só ainda não a levaram por diante com medo das centrais sindicais e receio de perderem muitos votos.

Mas isto terá algum dia de ser feito – e quanto mais se esperar pior: andaremos sempre a correr atrás do problema sem nunca o resolver totalmente. O país precisa de um choque. E terá de ser como deixar de fumar: reduzir os cigarros um a um não resolve nada, é preciso cortar de uma vez.

Última observação: Como em tudo na vida, também neste tema dos despedimentos é necessário acautelar os abusos. Há maus patrões, como há maus trabalhadores. Por isso, há que precaver as injustiças. Neste sentido, devem penalizar-se severamente despedimentos por:

– Resistência a assédio sexual;

– Embirrações pessoais dos patrões ou das chefias;

– Motivos políticos.

Fora disto (e doutras situações manifestamente injustas que possam tipificar-se), o despedimento e a contratação devem ser totalmente livres.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Algumas ideias avulsas

Por duas ocasiões tive oportunidade de participar em debates liderados por José Luis Judas com vista á preparação de uma candidatura PS á câmara de Cascais. Sendo Cascalense varias são as ideias que tenho para o meu concelho quer com vista a colmatar necessidade facilmente identificadas assim como algumas que acrescentam valor.
Tratam-se de algumas ideias avulsas , que preferia apresentá-las com os seus prós e contras verdadeiramente estudados assim como fraquezas e pontos fortes, limitando assim as possíveis criticas de inexequibilidade. Mas como tudo tem um custo e o custo de um trabalho dessa amplitude é o tempo, tão escasso para todos nós, e especialmente para mim para quem tudo isto é voluntariado feito com imenso prazer. Posto isto e preferindo ouvir criticas de leviano e inexequibilidade, a perder a oportunidade de enriquecer o debate com ideias construtivas prefiro começar a casa pelo telhado, dando as ideias ouvindo as criticas, abandonando as inexequíveis e levianas e trabalhando as boas, por certo com a participação de mais militantes com mais ideias construiremos uma candidatura vencedora.

1º Ideia – Criar uma imagem Postal para Cascais. Paris tem a torre Eiffel, Londres o Big-Ben, Nova york a estatua da Liberdade, Rio de Janeiro O Cristo Rei, Sidney a sua Opera. Mas Bruxelas tem o Manneken-pis ( menino a fazer xixi) , e Copenhaga a sua Sereia. Eu propunha exactamente isso criar um concurso aberto a artistas nacionais com vista a criar uma obra emblemática para o concelho. Com poucos pré-requisitos, não necessariamente uma estatua, nem um Edifício ( esta opção por ser cara deve ser rejeitada para os tempos actuais ). A liberdade deveria ser se não total pelo menos máxima. Os artistas propunham e uma comissão/júri escolhia. Como as verbas são escassas a principal limitação á liberdade artística era o facto de ter que ser barata.

2º - Ideia – O comércio tradicional. ( uma enorme paixão minha apesar de n ter nenhuns interesse directos) por ser um garante de vida de uma cidade, torna os bairros algo mais que inóspitos dormitórios, incentiva a cultura de comunidade. Defendo o apoio ao comercio tradicional não um apoio directo, mas sim um apoio indirecto. Por exemplo a prenda de Natal que a câmara dá ( deveria dar ) aos seus funcionários poderia ser sob a forma de um cheque descontável no comercio tradicional. Tal medida deveria ser patrocinada pela associação comercial.
Como uma das grandes dificuldades do comercio tradicional prende-se com a falta de estacionamento e as dificuldades que o transito tem nos locais onde este tipo de comercio se desenrola propunha a criação de uma rede de veículos eléctricos ao estilos dos Buggys do Golf a serem disponibilizado pelo comercio tradicional para que os seus clientes se desloquem entre o bairro e o estabelecimento comercial. Trata-se de uma ideia muito simplificada que terei todo o prazer em explicar mais pormenorizadamente nos seus pontos forte e fracos. Acrescento também que esta ideia pode ser o embrião para a criação de um nicho de mercado com a criação de um cluster que produzisse estes veículos que geraria emprego e poderia lançar em Portugal uma industria de veículos diferenciadores nas suas especificidades.


3ª – Ideia - Numa época em que cada vez mais pessoas têm animais domésticos ( devido a questões de solidão com tendência a aumentar, divórcios, viuvez, envelhecimento da população ) é urgente criar soluções para os excrementos dos animais, não só o coco como o xixi. Começaria por propor a criação de parques onde os animais fizessem as suas necessidades e que teriam a manutenção assegurada pela câmara. Passariamos a ter estes excrementos circunscritos a áreas especificas em vez de os ter espalhados pela cidade o que turnaria a sua limpeza mais facilitada. Paralelamente deveriam ser criados um veiculo que a câmara utilizaria quer para retirar os cocos quer para lavar as ruas onde os xixis são feitos. Muitas das vezes em locais de difícil acesso. Mais uma vez está aqui a ser criada uma oportunidade de negocio internacional a ser explorada por empresas nacionais - o veiculo que garante esta manutenção.

4ª – Ideia – Cascais ( autarquia ) deveria deixar recordações em quem a visita. Acho que o mobiliário deveria primar pela originalidade e irreverência. Mais do que cumprir a função que se pretende ( caixotes do lixo, bancos de jardim, candeeiros de rua, jardins infantis ) devem marcar pelo arrojado design se possível aliado a uma melhor funcionalidade. Uma publicação com imensas ideias que aconselho é Landscape Architecture. Mais uma vez pode surgir aqui o incentivo á criação de uma indústria nacional para vencer a nível mundial.
Um exemplo que pretendia realçar era que estamos a desperdiçar numa autarquia que se quer turística, os chuveiros de praias poderiam assumir formas muito mais irreverente: Uma baleia que expele agua, ou mesmo outra criação artística ao nível de Gaudi em Barcelona.


E por aqui me fico tratam-se simplesmente de algumas ideias daquelas que surgem no dia a dia ao pequeno almoço mas que penso que num todo podem fazer a diferença numa autarquia que deve ambicionar ser autarquia modelo. Considero também que com muitas destas pequenas ideias de todos os militantes se poderão escolher uma boa dúzia delas em que se devem apostar para elaborar uma candidatura vencedora. Muitas mais áreas há ainda por abordar: Soluções de transito, Inovação social e combate á exclusão social. Incentivo á inovação empresarial e Empreendedorismo. Mas vou deixar essas ideias para futuras oportunidades.

Sem mais o meu muito Obridado pela sua atenção
Saudações Socialistas

Vitor Brás

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Educação para um Portugal líder na Época da Globalização.

Não deve haver duvidas que Portugal tem capacidade para produzir líderes mundiais capazes de vencer num ambiente tão competitivo como o actual e o que no futuro a Globalização nos reserva. Um bom exemplo dessa capacidade é José Mourinho. Mas há mais exemplos noutras áreas, Horta Osório é só um que pretendia referir por o ter feito com base numa forte formação académica. Mas todos nós facilmente arranjamos vários nomes para preencher esta lista. Não haja é duvidas que tal só se consegue com muito esforço, estratégia e investimento no futuro.

A globalização assusta, pois a quantidade de informação, bens e serviços que produz, cada vez mais eficientes e baratos requer que quem queira participar nesta transformação sociológica não possa descansar. Tenha que estar sempre a adquirir competências ou a aperfeiçoar as que já tem.
É reconhecido que a globalização acentuou a diferença de rendimentos entre as varias classes sociais. O mercado do trabalho, como outro qualquer, gere-se pela lei de oferta e da procura, no caso de trabalhadores com determinadas competências essa lei acentua a sua importância. Alan Greenspan no seu livro “The Age of Turbulence” fala de um estudo que fez em que concluiu que em 2007 1/5 dos Americanos ganharam 46% do total dos salários. Em comparação em 1997 o mesmo 1/5 dos Americanos ganharam 41% do total dos salários. Isto é ser um trabalhador com competências elevadas e diferenciadas significa ser bem remunerado. E essa diferença tende a acentuar-se no futuro. O mesmo estudo demonstrou que enquanto o aumento médio de um trabalhador fabril nos EUA foi de 3.4% o de um trabalhador superior foi de 5.6%. Com a Globalização teremos ( ou já temos no presente ) esta realidade não circunscrita aos EUA mas sim ao Mundo inteiro. Significa isso que quando falamos dos 1/5 de pessoas que ganham 46% do total dos salários mundiais, poderemos estar a falar grandes assimetrias entre países. Ie. poderemos ter países em que 80% da sua população pertence ao 1/5 de pessoas que ganham 46% do total dos salários mundiais e outros países em que menos de 1% da sua população pertence a esse grupo. O que se pretende é que Portugal tenha a maior percentagem possível da sua população nos 46% do total dos salários mundiais, pois só detendo a riqueza é que se pode distribuir por quem não teve a sorte/oportunidade/talento para pertencer a ao grupo dos que mais ganharam com a Globalização.
A eliminação dos trabalhos tradicionais industria automóvel, componentes electrónicos, têxteis etc, é considerado terror dos tempos modernos. Pode não o ser se essa transferência for feita para trabalhos mais modernos como Computadores, Telecomunicações, Tecnologias da Informação, Biotecnologias. Os consumidores procuram produtos que incorporam novas ideias, por isso é ai que os trabalhadores têm de estar.
É nesta realidade em que os empregos são criados e destruídos a uma enorme velocidade e em que a riqueza é produzida que nos temos de preparar para vencer.

Goste-se ou não a verdade é que a globalização troce-nos cada vez mais inovação e competitividade, a uma velocidade vertiginosa, muitas vezes mais rápido que as nossas capacidades de adquirir competências nessas áreas. É por isso que os salários das pessoas com elevadas capacidades e competências têm tendência a aumentar, por outro lado os salários das pessoas sem essas competências e com tarefas repetitivas têm tendência a ser substituídos por inovações tecnológicas. A Globalização aumentou o prémio salarial dos trabalhadores com elevadas competências, vejamos o exemplo de quem inventar o próximo hit de vendas género Iphone, ou o próximo Noddy. Se uma empresa portuguesa criar um destes próximos hits de vendas e ficasse circunscrito ao território nacional provavelmente nem conseguiria pagar as despesas de desenvolvimento. No entanto a Globalização pode-lhes garantir o oposto: uma rentabilidade milionária.
São sobejamente conhecidas as queixas da classe empresarial pela falta de trabalhadores com elevadas capacidades e competências. As inovações tecnológicas são cada vez mais abruptas e os trabalhadores levam demasiado tempo a adquirir competências que lhes permitam dominá-las o que faz com que as empresas que não tenham estes trabalhadores percam competitividade. Dotar Portugal com estes trabalhadores, é criar vantagens competitivas ás empresas portuguesas, e atrairá investimento estrangeiro atrás destes trabalhadores. E são estas empresas que ganharão na Globalização que terão capacidade para pagar os melhores salários e que tudo farão para reter os seus trabalhadores mais talentosos.
E será com trabalhadores mais talentosos, e empreendedores que se irá manter este estado social que nós europeus tanto prezamos e devemos considerar como inegociável.
Ora é para este futuro exigente que precisamos de um ensino que nos capacite de gente que vença na Globalização. Quando me refiro a um trabalhador de elevadas capacidades não me refiro a quem tem uma licenciatura vs quem não tem licenciatura, refiro-me a trabalhadores que fazem trabalhos de valor acrescentado vs a trabalhadores de tarefas repetitivas. Não estou a falar exclusivamente de quadros superiores, Engenheiros, Gestores, estou a falar tambem de pintores de automóveis, de trabalhadores fabris que devem ser os mais produtivos a nivel mundial e os mais competentes. Eu refiro-me a que Portugal constitua uma massa de trabalhadores com elevadas capacidades disponíveis para fazer as tarefas de valor acrescentados e os que não poderem pertencer a esta classe que sejam os mais produtivos e competentes que o mercado pode obter
Não resisto a citar o exemplo da Nokia na Finlândia. Ao fazê-lo não quero dizer que o nosso caminho passa por o replicar. Quero dizer que se foi possível na Finlândia um pais com metade da nossa população, algo de semelhante também o pode ser em Portugal.

Foi com o diagnostico apresentado até agora que eu parti para a elaboração
do que considero a melhor maneira de enfrentar esses desafios que a globalização nos apresenta. As linhas que eu defino são:

1) Educação inclusiva para todos e formadora de Elites
2) Inovação e Empreendedorismo
3) Inovação Social

Nas próximas linhas falarei do 1º Ponto - Educação inclusiva para todos e formadora de Elites , pretendo somente expor a minha visão de por onde devemos ir. Tratam-se de ideias retiradas de sistemas em prática como o Finlandês e o Holandês, e de várias leituras, quer de livros, quer artigos publicados em revistas e jornais. Tudo informação referida no final. Ao expor a minha visão pretendo dá-la a conhecer mas também chamar outras pessoas e trazer para a discussão outras ideias.
Este documento não é uma versão final mas sim uma inicial.
Provavelmente dirão que me refiro a competência que não são exclusivas das escolas, há mais estruturas a falhar. Pois sim mas as escolas pela sua organização e elo unificador, tem mais capacidade para o fazer. E se a geração anterior o tivesse feito provavelmente hoje as outras estruturas já o implementariam mais facilmenente e de uma forma natural, Vamos desperdicar mais uma geração? Vamos assumir estar daqui a uma ou duas decadas a lamentarnos das fraquezas das nossas raizes culturais e nada fazer para o alterar?
Dizer que “É cultural ser como somos e nunca mudamos até hoje não vamos mudar” traduz um grau de demissão que não é compatível com o nível de qualificações e empenhamento que são exigíveis a quem deve liderar um pais e prepara-lo para o futuro apresentado.


Escolhi expôr a minha visão da questão por 5 temas que se interligam entre si.


1ª Crescimento Economico, Inovação, Educação

Respeito quem pensa diferente, pois trata-se de uma area em que é dificil provar a relação de causa efeito, no entanto considero ao contrario de alguns, que a educação é uma área fundamental, a que as sociedades organizadas devem atribuir elevada prioridade, e não um adorno de consumo que aparece depois de se ter resolvido os problemas do crescimento económico e do desenvolvimento. Para quem discorda recomendo Benjamim Friedman – “The Moral consequences of Economic Growth”
Á escola compete desempenhar um papel no processo de evolução para uma sociedade assente no conhecimento, na Inovação e na capacidade de cada um de nós.


2º - Autonomia das Escolas

Defendo que á semelhança de paises como a Finlândia e a Alemanha, as autarquias devem assumir um papel mais importante nas politicas educativas. A possibilidade de cada Autarquia definir o seu projecto, modelo de gestão e organização para as escolas seriam um enriquecimento para a escola e uma maneira de alguém ser responsabilizado pelos resultados.
A autonomia dá responsabilidades e presta contas pelo que faz e pelos resultados que alcança, sem se diluir num sidtema igualitário e unificador em que as escolas são apenas peças de uma grande máquina em que tudo e todos são tratados por igual como se a sociedade não fosse heterogenia e diversificado e por isso mais rica e mais capaz de se desenvolver e crescer. É num sistema deste diferenciador que assenta o sistema Alemão, e o Holandês por exemplo
Na minha opinião a solução passa por implememntar um sistema que em autarquias mais densamente povoadas existam 2 tipos de ensino: um mais exigente e meritório e outro mais inclusivo. Por outras palavras um sistema mais responsabilizador, exigente em que os alunos fossem distinguidos pelo mérito e exclusivo para quem não demonstrasse esse mérito e outro menos exigente mais adaptado as necessidades dos mais desfavorecidos, mais inclusivo e mais acompanhado.

Tenho ideias muito concretas e medidas bem definidas para executar este modelo de ensino no entanto trata-se de algo que pretendo estudar mais profundamente antes de propor um sistema a implementar. Alem de que é minha intenção discutir estes assuntos com pessoas mais competentes e mais elucidadas assim como com todos os que queiram contribuir com ideias, para responder a questões como:
Quanto custaria?
É possivel implementar com os estabelicimentos de ensino que temos?
Como se motivam os professores a pertencerem a um sistema e não a outro?
Estarão as entidades competentes receptivas a uma estrutura desta? ( Ministério, sindicatos, autarquias, professores, pais )


3º - Curriculo Escondido

Tão ou ainda mais importante que o que é vulgarmente ensinado nas escolas, para um pais que se queira lider socialmente e economicamente, é o corriculo escondido, também chamado Soft Skils. Ainda recentemente para citar um exemplo o CEO da Critical Software se queixava da falta de pessoas disponíveis para arriscar, pessoas disponíveis para pedir menos e dar mais. É dessas capacidades que se fala quando se fala de Soft Skils. O gosto em aprender, prazer da leitura, o sentido do dever e da responsabilidade, autonomia, gosto pelo risco, capacidade de iniciativa, liderança, espírito empreendedor, atitude de exigência e rigor, a capacidade de trabalhar em grupo, a adaptação á mudança, cultura de Inovação.
Este currículo escondido não é exclusivo de ser incutido pela escola. A família o desporto e outras extruturas em que os jovens se inserem devem criar estas capacidades. No entanto a escola parece-me o mais fácil de implementar por estarmos a falar de uma estrutura organizada. E a autarquia por poder fazer a ligação entre as varias estruturas em que os jovens se inserem, escola, família, clubes e associações tem um enorme papel a desempenhar
A escola tem de passar para o aluno a ambição de uma formação continua e a procura por se valorizar. O problema é a quebra dos Elos. A família não o faz, a escola não o faz e as outras organizações pouco o fazem.
O Empreendedorismo é uma area prioritária e da maior relevância, tendo em conta que caminhamos para uma sociedade que se vai libertando do peso excessivo do estado e se vai estruturando com base na iniciativa e na capacidade de Inovação das organizações da sociedade civil. Se não houver mais ninguém, pede-se á escola que incremente a capacidade de promover um espirito empreendedor, a vontade de criar, de fazer novo, de estruturar iniciativas apartir de uma ideia inovadora.
O ensino pré-escolar é de extrema importância na formação e na criação das soft skilss. Certo autor disse mesmo uma vez: “Tudo o que eu preciso de saber aprendi no jardim de infancia.” – Sendo que se refere aos valores do corriculo escondido. Se nos restingirmos a familias destruturadas onde os valores de que nos referimos não predominam, e por isso são causa e consequência de muitos dos problemas sociais e exclusão social. Aqui o ensino pré-escolar será a oportunidade de quebrar o elo, de pôr a criança o mais cedo possivel perante os valores que minimizarão as hipóteses de exclusão social.


4º - Escola Inclusiva/ Escola Elites

Dois grandes caminhos se impõem perante a escola: O combate ao abandono escolar e uma escola de meritocracia. O objectivo de uma escola para todos em que ninguem fique para trás associada á escola da meritocracia e alguma selectividade durante o percuso académico. É necessário encontrar um caminho de uma escola em que todos devem caber com o de uma escola que é exigente, distingue, selecciona e premeia os mais dotados e os mais trabalhadores.
O argumento de que uma escola que premeia o merito é um istrumento de exclusão, não pode ser aceite, pois não premiar o merito é aceitar a mediocridade. Incentivar o esforço dos mais dotados permitirá identificar as diferenças e assim trabalhar de forma diferente o que é diferente. Um modelo de educação diversificado permitirá por lidar com pessoas que á partida não têm as mesma condições socioeconómicas não serem excluídos e serem trabalhadas as suas diferenças, Com corriculos menos exigentes e um acompanhamento mais adequado ás suas dificuldades. Entre as razões do insucesso escolar estão o reduzido interesse da família pela aprendizagem, relacionado com pais com baixo nivel educacional, baixa motivação do estudante, relacionadas com dificuldades ao nivel da estrutura familiar e das condições necessárias para organizar o estudo em casa. As autarquias por poderem conhecer os casos específicos para alem da analises estatísticas podem implementar soluções de politicas cruzadas semelhantes ás apresentadas num artigo recentemente publicado pelo The Economist e que eu reproduzo aqui : http://alerparasabermais.blogspot.com/2010/08/plano-bolsa-familia.html.
Considero mesmo que o combate ao insucesso e ao abandono não terá grande sucesso com politicas nacionais, será isso sim produtores de desperdicios e consumidores de recursos financeiros e humanos. Penso que terá muito mais sucesso com poiliticas locais e regionais, numa logica de proximidade. Analisado caso a caso pelo nome.
Também neste ponto tenho ideia concretas de fácil implementação que reservo para uma próxima oportunidade depois de a submeter a debate e as tiver mais estudadas nas suas fraquezas e dificuldades de implementação.


5º - A família é a Celula base

A família é a Celula base, a grande responsável pela formação dos mais jovens. É a família que decide qual o projecto educativo dos filhos as primeiras decisões relativamente á educação são pura decisão dos pais, e depois com o decorrer do tempo serão as decisões do jovem, mas sempre com uma enorme preponderância relativamentes aos estímulos dados pela família.
São por demais o exemplos públicos de pais que vão mais longe ( o que é questionável ) e impõem uma carreira aos filhos. Exemplo Adre Agasi, Tiger Woods etc etc. O certo é que dificilmente alguém vencerá numa área se não for testado nessa área e a oportunidade de esperimentar certa área será dada pela família.
Deixem-me que cite dois casos para reflexão:
Primeiro uma piada do Jô Soares: - É incrível como os filhos dos banqueiros dão bons banqueiros.
Depois um caso citado no Livro de Marçal Grilo:
Um filho confronta os pais com o facto de eles nunca lhes terem dado a oportunidade de aprender Piano. Eles respondem que ele já se queixava das atividades que os pais lhe proporcionava. Ao que ele responde : “Também não gostava de estudar matemática e vocês exigiram-me que aprendesse e hoje só vos agradeço por isso.”

É papel de uma autarquia colmatar as insuficiências das famílias que falham quer por questões económicas quer sociais. Como? Nas famílias desestruturadas muitas vezes nem uma formação escolar é considerada necessária quanto mais uma formação noutras áreas como a recreativa a cultural ou a desportiva. A minha visão socialista e de esquerda leva-me a considerar que o estado e as autarquias em particular devem se sobrepor ( permitindo sempre a opção ) onde as famílias falham
Já no que refere a extractos sociais mais altos onde por norma os pais são intervenientes na educação dos seus filhos, devem ser mais exigentes com as escolas, mas ao mesmo tempo mais interessados nas questões das escolas. Os pais devem assumir as escolas como parte integrante das suas preocupações. Num verdadeiro exercicio de cidadania. Não é por as coisas estarem mal que se permite uma atitude de demissão perante a situação mas por elas estarem mal é que se deve assumir uma atitude de intervenção proactiva.



Nota: As minhas referências a outras nações são meramente indicativas de que com esforço método e estratégia é possível obter resultados. Se foi possível nesses países também o será para nós, caso o queiramos. Não uma copia fidedigna mas antes algo verdadeiramente adaptado ás características do nosso pais. Características como densidade populacional, meios de transporte realidade socioeconómica etc etc. Costumo dizer que ser pedinte numa rua de Estocolmo não é uma grande opção de vida, visto as temperaturas negativas que faz durante grande parte do ano. No entanto em Lisboa faltar á escola para ir á praia é uma óptima alternativa durante boa parte do ano.




Referências:

http://www.rijksoverheid.nl/#ref-minocw

http://en.wikipedia.org/wiki/Education_in_the_Netherlands

http://en.wikipedia.org/wiki/Education_in_Finland

http://www.minedu.fi/OPM/Koulutus/koulutusjaerjestelmae/?lang=en

http://timss.bc.edu

The Audacity of Hope: Thoughts on Reclaiming the American Dream - Barack Obama http://www.amazon.com/Audacity-Hope-Thoughts-Reclaiming-American/dp/0307237699

The Age of Turbulence: Adventures in a New World by Alan Greenspan http://www.amazon.com/Age-Turbulence-Adventures-New-World/dp/0143114166/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1283255945&sr=1-1


Se não Estudas Estás Tramado Autor: Grilo, Eduardo Marçal

http://www.bertrand.pt/catalogo/detalhes_produto.php?id=267064


Apendice 1

Para quem estiver interessado em saber quais nas nações com melhores resultados no ensino um óptimo estudo é um relizado por Lynch School of Education at Boston College que pode ser consultado em http://timss.bc.edu. Infelizmente Portugal não é dos 50 países que participaram no estudo no entanto pode-se verificar quais são as nações que o lideram Singapura, Hong-Kong, Suécia e Holanda.




Apendice 2:

Serve este apendiçe para apresentar um caso pratico em que se pode analisar as varias questões apresentadas a debate pelo meu documento.
Neste caso podemos ver:
- O falhanço da escola em educar onde anteriormente falhou a família.
- Um exemplo de que a escola é de extrema importância na formação de todos os cidadão quer de quadros de topo quer de quadros médios ou baixos.
- A importância das anteriormente citadas Soft skilss:

Refiro-me a uma pequena e media empresa do ramo das reparações automóveis. Como é normal num negocio destes pouco diferenciador, as margens são mínimas. Os erros e as diferenças de produtividade podem fazer toda a diferença ( um carro mal pintado em que o trabalho mal feito tem de ser desfeito e refeito ) na viabilidade de uma empresa. O facto de um trabalhador chegar atrasado ao local de trabalho sistematicamente, leva o empresário a chamar o empregado á responsabilidade. No entanto recebe respostas do género “ Achas que se eu podesse chegar mais cedo não tinha chegado? “.
Resta ao empresário despedir o trabalhador e contratar outro com formação adequada quer técnica quer das chamadas soft skills, o que são raros e como tal são tão bem remunerados que põem em causa a rentabilidade do negocio. A outra opção que é o próprio empresário formar um trabalhador é igualmente muito cara. Desde, o trabalhador que der a formação não irá produzir, até ao facto de no final da formação se chegar á conclusão que a pessoa não tem qualidades/capacidades para o cargo, ou mesmo de tão bom que é o formado a concorrnecia no final leva-o.

Fica portanto demonstrado a importância que o ensino tem na economia de um pais, assim como se pode dar uma verdadeira ajuda ás PME. Pois estou em crer que a melhor ajuda possível será dotá-las dos melhores profissionais possíveis quer em matéria técnica quer cívica. Defendo somente que Portugal deverá ter um sistema de ensino que produza resultados de topo mundial verdadeiramente adapados para a as suas características relativamente ás chamadas soft skills.